Pedro Calado, numa entrevista ao DIÁRIO, recusou-se a admitir que a Comissão de Trabalho do Campeonato da Madeira Coral de Ralis, da qual faz parte, pouco conseguiu. "Demos início à constituição da entidade representativa dos pilotos e organizações, num trabalho que se quer a longo prazo", disse. Pelo meio lançou umas indirectas farpas ao ex-campeão Vítor Sá, sem nunca mencionar o nome deste, desafiando-o a voltar, não de WRC mas sim de S2000, garantindo que não lhe assusta a concorrência. "Não queremos correr sozinhos. Quem nos dera termos a mesma luta que tivemos no Rali Vinho Madeira, isso é que faz um bom campeonato", justificou, destacando que o facto de ter sido decidido que os WRC e os A7 só pontuariam para a Taça da Madeira foi com o intuito de beneficiar o campeonato. "Quando a Comissão de Trabalho pensou em pôr os WRC e os A7 a pontuar no campeonato absoluto fê-lo com o objectivo de que tivessem determinadas características e restrições, para tornar o campeonato mais competitivo, senão iríamos voltar a um passado recente, isto é, uma pessoa a correr sozinha", disse, questionando que "numa fase em que a FIA aboliu alguns WRC, por que razão seria a Madeira a introduzir este tipo de viaturas num campeonato que não se quer que ande para trás mas sim para a frente". Depois, Pedro Calado recordou que durante "dez anos seguidos houve um piloto que correu sozinho, com carros sempre acima de todos, aquele que investiu mais dinheiro, que tinha mais armas e foi campeão", até que em 2008 "houve uma equipa que apostou forte e que trouxe as mesmas armas para lutar de igual para igual com o campeão regional". "Fizemos um projecto, elevámos a fasquia e o que é que aconteceu? À segunda prova o ex-campeão desistiu e foi embora, uma decisão pessoal, e ninguém tem nada a ver com isso. Agora, em termos desportivos, o piloto que apostou [Alexandre Camacho] não teve culpa que o outro tenha desistido", revelou. Pedro Calado disse que a Olca Team trouxe mais "competitividade para a estrada", objectivo que gostaria ver de novo repetido. "Mas infelizmente o que estava a ser defendido por dois pilotos era de deixar as portas abertas para termos mais daquilo que havia antes. Esses pilotos, aqueles que têm mais dinheiro, que querem o regresso dos WRC, porque não regressam de S2000, para corrermos todos de armas iguais?", questionou. "Na prática estava-se a criar condições para termos um campeonato, outra vez, não competitivo mas aberto àqueles que têm mais dinheiro e querem correr sozinhos, porque os WRC que os tais gostariam de trazer para a Madeira, caso pontuassem para o campeonato absoluto, são autênticos aviões, que sem 'restritores' nenhum S2000 consegue apanhar. Isto é desvirtuar o campeonato. Não consigo compreender que aqueles que defendem a introdução dos WRC são aqueles que têm mais dinheiro e até S2000 guardados na garagem. Porque não o trazem para a estrada, para serem competitivos como os outros", acusou Pedro Calado, esperando que a situação se inverta. "O Miguel Nunes vai trazer um S2000, o que é óptimo, pois deixamos de ter só um. O Vítor Sá também pode utilizar um, passariam a ser três, melhor ainda. E oxalá o Filipe Freitas também consiga trazer outro. Isso seria excelente, iríamos ter uma grande competitividade. Agora, não vamos estender o tapete vermelho a um piloto que tem dinheiro, que se recusou a correr com carros iguais e que agora vê a luz ao fundo do túnel para ser campeão outra vez, com um WRC. Quer correr sozinho e acho isso ridículo. Um regresso destes é pior do que a forma como abandonou o campeonato", disse. Pedro Calado não desarmou e insistiu ao dizer que não compreende como é que "algumas pessoas iriam apostar num carro que já não tem homologação, que é mais caro e que será muito difícil vender". "É mais fácil que essas equipas que têm dinheiro apostem em carros que estão a ser evoluídos. Venham todos de S2000", pediu. "Assim promove-se a competitividade", reforçou.
Fonte: Diário de Notícias da Madeira (17 de Janeiro de 2009)
Texto:Aqui há RALIS!